Araripe: Geovane Guedes (PT) sai da Secretaria de Saúde, rompe com prefeito Zé Gordinho (PT) e esquenta clima da administração municipal.


O ex-prefeito de Araripe, Giovane Guedes (PT), deixou, nesta sexta-feira (16/05), o cargo de secretário de Saúde na gestão do atual prefeito, Zé Gordinho (PT), a quem apoiou nas eleições municipais de 2024.

A saída representa o rompimento da aliança entre os dois, que eram correligionários de primeira hora, mas que, nos últimos meses, se distanciaram pela desconfiança política de Zé Gordinho com Guedes.
 
Uma fonte próxima ao agora ex-secretário de Saúde informou, a nossa redação, que o prefeito não atendia mais as ligações de Giovane e não lhe dava autonomia para gerir uma das principais áreas do município.

"Tudo o que Giovane fazia (na Secretaria de Saúde), o prefeito (Zé Gordinho) ia lá e retirava a ordem. Era como se Giovane não servisse para mais nada, não tivesse moral ou capacidade de conduzir seu trabalho", disse a fonte, que pediu para ter sua identidade preservada.

Com o rompimento, existe uma dúvida em Araripe sobre o destino partidário de Giovane, já que ele e Zé Gordinho estão no mesmo partido, o PT, há muitos anos. Por serem as figuras mais lembradas do partido na cidade, o racha pode simbolizar um desgaste não somente para a sigla, mas para a própria administração municipal.

O prefeito Zé Gordinho ainda enfrenta uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral tramitando na 68ª Zona Eleitoral em Araripe, por suposto abuso de poder econômico e compra de votos.

O juiz da 68ª Zona Eleitoral do Ceará, Sylvio Batista dos Santos Neto, determinou algumas diligências na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela Coligação "Pra Fazer Ainda Mais" contra José Paulino Pereira, conhecido como Zé Gordinho, e seu vice, Charles Lawrence Guimarães Batista. A ação aponta indícios de atos de abuso de poder econômico durante a campanha eleitoral de 2024.

Segundo a representação, Zé Gordinho teria doado cerâmica para a reforma da igreja Assembleia de Deus Orações da Fé, situada no residencial Paraíso, em troca de apoio eleitoral. A denúncia sustenta que o pastor da congregação, Nunes Silva, conhecido como Pastor Cicinho, utilizou grupos de WhatsApp para orientar os fiéis a votarem no então candidato, em função da ajuda recebida. Vídeos anexados aos autos mostram o líder religioso sugerindo claramente a reciprocidade do apoio: "uma mão lava a outra".

O Ministério Público Eleitoral opinou favoravelmente à realização de busca e apreensão do celular do pastor, medida que foi autorizada e executada. Em laudo pericial, contudo, não houve esclarecimento sobre a existência ou não de mensagens apagadas no aparelho. Diante disso, o juiz determinou que a Polícia Federal informe, no prazo de 15 dias, se houve tentativa de recuperação desses dados, em especial das mensagens trocadas antes de setembro de 2024 entre o pastor e o prefeito.

O processo segue em tramitação, com possibilidade de cassação do diploma dos representados e possibilidade de decretação de inelegibilidade, nos termos da Lei Complementar nº 64/1990. A defesa do prefeito nega as acusações e pleiteia a improcedência da ação.

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